PROFº YURI RAFAEL DOS SANTOS FRANCO|13 de Julho de 2022
Fala galera do Blog do FisioemOrtopedia, espero que todos estejam bem! Focados em trazer algumas reflexões pautados em nossos podcasts, hoje, com episódio 101 (https://open.spotify.com/episode/3F8Tt3uKPi7hMLJ3TAkKiH?si=152fc3597276478c), onde nossos hosts, Leandro Fukusawa e Rafael Alaiti foram os protagonistas de uma discussão bem legal sobre avaliação musculoesquelética.
Vamos exercitar hoje o poder de regressão das nossas mentes. Primeiro, vamos voltar para aquele momento que estamos entrando no estágio de fisioterapia ortopédica e o nosso preceptor lança aquela pesada: Está aqui sua ficha de avaliação, e ali nada mais é do que uma folha em branco. A pressão chega caiu em lembrar disso! Vamos para o segundo passo de regressão, ainda antes do estágio, vamos para aquela aula de avaliação onde somente em dia foi nos mostrado 18 testes de ombro e mais 55 testes de forças para todo o membro superior. Agora podemos voltar a realidade... Mudou algo daquele tempo para a sua realidade hoje? A minha mudou muito!
Avaliar é algo que independente do tempo que você tenha de formado e experiência já vivida sempre vai vir com aquele frio na barriga. E isso, talvez esteja implícito devido a nossa cobrança em mostrar a causa daquela situação que o paciente nos procurou, tentando tornar esse processo mais categórico e de certa forma fácil. Falo mais fácil, pois se eu sei que está gerando aquela dor é um fator A a abordagem vai ser por X. Ou seja, agrupar em condições semelhantes, pode ser um erro.
Então, a avaliação baseada, somente, em questões segmentares parece não ser a melhor forma de abordagem, podemos trazer uma nova reflexão somente em pensar no quesito que a cada nova técnica que nos especializamos algo de novo é aplicado e muitas vezes vai até de encontro com o que você fazia. E assim, parece que talvez a melhor forma de avaliar não seja no processo engessado em tópicos ou em busca de causas, mas sim em entender como que devemos guiar a busca pelas informações mais relevantes para esses casos.
Mesmo que o diagnóstico médico seja o mesmo, ai vem aquela regra tão falado, cada paciente é único e isso não é utópico, pois o ponto que mais devemos ter atenção e uma escuta ativa muito treinada é nessa história do paciente. O que ele vai trazer de informação e não somente as relacionadas a doença, mas até o estilo de vida dele e suas crenças.
Quando acertamos esse ponto, começamos a entender que o processe de avaliação não é somente aquela cerimônia feita no primeiro encontro com o paciente, mas que esse processo é cíclico e muitas vezes precisamos mudar a rota. Aqui chegamos em um ponto que é primordial para nossas tomadas de decisão de fala, pois se no primeiro contato com o paciente eu já trago a receita infalível para ele e em apenas oito sessões ele estará livre do problema dele, posso entrar num poço sem fundo e aí o improviso não tem mais e todo o processo de confiança e aliança terapêutica foi quebrada.
Vale a ressalva que a aliança terapêutica não é minha capacidade de impor meus pensamentos e ideologias sobre meu paciente, mas sim um troca simultânea e constante durante o processo de tratamento. Sim, você precisa dominar todos os processos fisiológicos e anatômicos, mas querer explicar dentro de uma única sessão que a causa do problema dele é devido a aula 35 de matéria de ortopedia que você foi monitor, as vezes vai te atrapalhar mais do que ajuda.
Lembrem, pacientes são pessoas mais sensíveis e absorvedor do que eles acreditam. Avaliar muitas vezes é entender como podemos quebrar padrões e mudar comportamentos que estão trazendo sintomas para os nossos pacientes. Ou seja, a doação é de ambas as partes é realmente um acordo de direcionamento e não imposições.
PROFº YURI RAFAEL DOS SANTOS FRANCO
Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Musculoesquelética pela Santa Casa de São Paulo, mestre e doutor em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo.