PROFº YURI RAFAEL DOS SANTOS FRANCO|30 de Junho de 2021
Atualmente, tem se falado muito nas novas classificações sobre dor! Basicamente, três tipos são os clássicos, a dor nociceptiva, a dor neuropática e a dor nociplástica. Essa última, vem sendo o foco de muitos estudos, justamente pelas suas novidades questão ligadas a ela. E hoje nosso foco será em falar sobre ela!
Fala blog do FisioemOrtopedia, espero que todos estejam bem! Hoje chegamos ao segundo capítulo dessa série da The Lancet, e o foco dele está na dor nociplástica. Lembrando que essa série foi lançada recentemente com a ideia de facilitar o entendimento sobre os temas de dor para toda a população, ou seja, deixar a ciência de maneira mais real até mesmo para pacientes.
Sendo assim, podemos iniciar nosso texto com essa reflexão a dor crônica tem origem de quais situações? Até 2016 se tinha muita convicção da cronificação através de um estímulo nociceptivo que era mantido por um longo período ou por condições neuropáticas, isso seria perfeito se tudo se resumisse a essas duas condições. Nesse ano, surgiu a ideia da nociplastia que nada mais do que uma”falha” no sistema nervoso periférico ou central com forte ligações a aspectos psicofísicos e com isso surgir essa nova classificação que é a dor nociplastica, com sua característica de sensibilizar o sistema deixando mais propício a sentir a dor.
Um dos grandes desafios de estudar pacientes com dor de característica nociplástica está no manejo, pois uma boa parte de nós fisioterapeutas ainda estamos focado em tratar o local de dor do paciente e ai quando nos deparamos com essa situação deixa muito mais complicado, pois a abordagem focada parece não surtir efeito e é ai que as modalidades globais como os exercícios aeróbicos vem como grande aliado, pois favorece ao sistema a rebaixar a sensibilidade e melhorar assim os sintomas. Valendo a ressalva que pode existir sim um modelo misto de dor, por isso que se fala que a dor nociplástica faz parte de um continum, onde pode haver momentos que predomine mais um aspecto nocicpetivo. Nesse capítulo se sugere falar em síndrome nociplástica, pois o desfecho dor é somente um dos problemas visto.
Um tópico que é relevante é o momento em que os autores trazem para os leitores os conceitos da neurofisiologia aplica a essa condição e de forma resumida é que a dor nociplástica é de origem central, podendo ser em decorrência de uma sensibilização do sistema (aferência) ou devido a uma falha no sistema de inibição da dor (eferência).Além disso, nesse momento do texto é trazido uma revisão sobre as vias neurais e quais são os mediadores responsáveis e como isso tudo pode interferir no processamento e modulação da dor, algo que vale muito a pena ser lido.
Além disso, o capítulo traz um valor bem interessante que fala que a prevalência de dores nociplástias varia entre 5 e 15% da população geral. Um outro ponto que é de extrema importância está ligado a causa do aparecimento e questões biopsicossociais são as mais comuns com fatores que mais predispõe o histórico de dor familiar, experiência prévia de dor e fatores psicológicos voltados a estresse emocional, abuso sexual ou físico e até a combinação desses fatores, e levar em consideração, também, fatores de doenças prévias em especial doenças reumáticas.
O ponto alto está dividido na seção de curso natural, que traz alguns valores de tempo “perdido” pelo paciente que fica em busca de uma causa sistêmica, porém o tempo vai passando e vai deixando esse a situação ainda mais complexa ou mais difícil de manejar posteriormente. E a segunda parte que me chamou a atenção está voltado a categorização da síndrome da dor nociplástica que traz os seguintes pontos: dor crônica generalizada e fibromialgia, síndrome de dor regional complexa, cefaléia primária crônica e dor orofacial, síndromes de dor visceral crônica e dor musculoesquelética primária crônica. Por fim, vem as características com um quadro muito explicativo e as estratégias de tratamento.
Novamente, essa série ela vem com uma característica muito legal que é a facilidade de entendimento, de uma maneira simplificada, que facilita desde o clínico que pode implementar isso em seu contexto quase que imediatamente, bem como o paciente, pois traz as informações de maneira leve e fácil.
PROFº YURI RAFAEL DOS SANTOS FRANCO
Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Musculoesquelética pela Santa Casa de São Paulo, mestre e doutor em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo.