PROFº YURI FRANCO|07 de Maio de 2021
Olá Blog do FisioemOrtopedia, espero que todos estejam bem!
Vocês me dão licença para falar sobre um tema importante que seria o preconceito racial e étnico na pesquisa? Sim, queria falar sobre esse tema, mas não do ponto do pesquisador que sofre preconceito, e sim do ponto de vista dos pacientes envolvidos nas pesquisas clínicas. A ideia desse tema surgiu depois de ler um editorial lançado na Journal of Physiotherapy (If we can’t see race and ethnicity in research, how will we see racial inequality? – doi: 10.1016/j.jphys.2021.02.016).
Com relação a isso uma fala que podemos ter é: Mas dentro de um estudo clínico, esses fatores são controlados pela aleatorização. É isso mesmo? Será que os estudos traduzem, realmente, a totalidade da população ou estratificamos setores específicos? Um exercício simples para entender esse tópico pode ser o seguinte, faz uma auto-crítica dos estudos que leu ultimamente, quantos tinham algo voltado a categorizar as raças ou etnias?
Essa reflexão é respondida nesse editorial, onde foram analisados 14 estudos e somente dois tinham alguma informação sobre raça ou etnia e mesmo assim, um foi de forma indireta, onde perguntou somente o país de origem dos pacientes e o segundo que fez um reporte apenas de caucasianos e outros. Valendo uma ressalva importante que esses estudos foram feitos na Austrália ou no Brasil, países em que existe uma miscigenação absurda e que as raças têm seu papel importante no que se refere a questões sociais e monetárias e isso inclui acesso a serviços básicos, inclusive a saúde e suas áreas afins.
A falta desse relato pode vir de inúmeros fatores, um deles pela ideia de que fazendo apenas o cálculo amostral conseguimos ter a parcela ideal para pode estender esse valor para o restante da população, isso é verdade em partes, mas para aquela população representada nos dados colhidos pelo autor. Então, se eu não fiz isso não consigo dizer que TODA a população está empregada nesse contexto. E uma forma para que isso comece a ser mais visual é ter isso explicito nos manuais e serem critérios avaliados por todos aqueles interessados nas pesquisas, isso facilitaria o entendimento dos achados e da precariedade em determinada raça ou etnia.
Essas e outras questões estão dentro do que chamamos de preconceito implícito algo que fazemos somente por não se atentar a essas questões, muitas vezes por não ser atingido diretamente. Cabe a nós, agora, identificar e mudar essa condição. Hoje, algumas revistas já começaram a modificar isso, colocando em seus check list a necessidade dessas informações e cabe a nós começarmos a nos atentar sobre isso, pois essas condições adversas existem sim e futuramente pode ser até fonte de estudo para que toda a população receba a assistência ideal. Sejamos mais empáticos com todas as condições que são diferentes das nossas e principalmente que parece não interferir em mim!