Alguém aqui já se fez essa pergunta? Parece ser algo bem claro e direto quando se está envolvido no contexto da fisioterapia, porém será que todos sabem o que é realmente essa profissão?

E aí talvez esteja nosso grande desafio, quando colocamos tudo o que é feito em uma sessão com o nome da profissão. Sempre que vamos para uma academia não fazemos educação física, fazemos musculação... quando vamos ao médico não fazemos medicina, fazemos uma cirurgia. Porque insistimos em falar que fazemos fisioterapia, quando na verdade estamos fazendo cinesioterapia, uma manipulação articular ou qualquer outra técnica?

Diversos fatores podem estar relacionados com a dificuldade de se chegar a uma resposta homogêneo para esta pergunta. A primeira barreira está no contexto histórico. A fisioterapia é uma jovem senhora com um pouco mais de 50 anos aqui no Brasil. Portanto, não é de se espantar que ainda não tenhamos construído uma imagem social sólida como profissão.

Outra possível barreira esta em nossa representatividade no âmbito político nacional. Vemos médicos, enfermeiros, engenheiros e até advogados envolvidos na política, porém raros são os fisioterapeutas que se embrenham por estas águas. E a falta de representatividade não se restringe à política nacional, haja vista que a maioria dos próprios fisioterapeutas pouco sabem sobre nossas prerrogativas legais.

Atualmente, o termo apoderamento vem sendo muito falado e remete a condição de se apropriar como autoridade de um determinado tema ou situação. E quem mais deveria ser empoderado sobre fisioterapia do que nós, fisioterapeutas? Porém, como dito, empoderar gera autoridade e isso traz consigo uma responsabilidade social muito grande, pois somos nós os agentes responsáveis por disseminar essa verdade. E outro questionamento eu levanto: qual a verdade que estamos criando para nossa profissão?

Em uma pesquisa rápida com fisioterapeutas nas redes sociais, ao se perguntar o que é fisioterapia, temos muitas respostas divergentes. Temos os apaixonados que falam em propósito de vida, por estarem ali reestruturando o sonho da recuperação funcional com pessoas que precisam realmente de ajuda. Um segundo perfil é representado pelos melancólicos, que parecem desacreditados com a profissão e falam que a fisioterapia já teve seus tempos áureos no passado, mas que não enxergam grandes perspectivas para o futuro. Minha visão, talvez, totalmente enviesada pela minha realidade atual, é que não vejo a fisioterapia como a salvadora de todas as mazelas como muitos acreditam. Porém, o passar do tempo parece estar melhorando nossas possibilidades de atuação, principalmente quando observamos pelo ângulo da ciência. Conseguimos ver que a fisioterapia tem um arsenal gigantesco de modalidades terapêuticas embasadas cientificamente que podem trazer excelentes resultados para diversos desfechos de saúde.

E quando olhamos bem de perto para as evidências, é possível perceber que a palavra que melhor representa a ideia do que é fisioterapia é MOVIMENTO. Sim, movimento, sem rótulos ou ideologias fechadas, apenas movimento!